Conflitos da mineração em MG: religioso sofre ameaça para abandonar organização da resistência popular em Belisário
Em 31 de Outubro de 2016 abordei neste blog (Aqui!
Blog do Pedlowski
)
um conflito que estava ocorrendo no Distrito de Belisário, que faz
parte do município mineiro de Muriaé, por causa das disputas envolvendo a
população e a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). Pois bem, hoje
recebi o relato abaixo de um morador que traz uma denúncia preocupante
sobre ameaças que estariam sendo cometidas contra lideranças
comunitárias. Essa denúncia é especialmente preocupante no atual quadro
de precarização da legislação ambiental e perseguição a ativistas
ambientais que está ocorrendo não apenas no Brasil, mas em toda a
América Latina.
Eis o relato:
Ontem,
dia 19 de fevereiro, por volta das 11.30 da manhã, o pároco local do
Distrito Belisário, o Frei Gilberto Teixeira, foi abordado por um
pistoleiro ao sair da casa paroquial onde atendia seus paroquianos. Foi
surpreendido pela visita de um homem armado De forma contínua, o
pistoleiro afirmou que estava ali apenas para dar um aviso, mas que o
Frei Gilberto deveria tomar cuidado, pois na próxima vez ele iria agir.
Segundo
o pistoleiro, o frei, que é uma liderança local no processo de
resistência contra o avanço da mineração de bauxita em unidades de
conservação existente em Belisário, “estaria falando demais sobre a mineradora em suas missas e campanhas“. O pistoleiro também disse que o Frei Gilberto “também
estaria sendo seguido, e soube descrever a sua agenda semanal com
detalhes, inclusive as casas onde o religioso havia passado a noite em
viagens a outros municípios, como Ouro Preto e Contagem”. Essas
informações não estão disponíveis em suas redes sociais. O pistoleiro
também exigiu o celular do Frei Gilberto que não estava com ele no
momento. Depois de fazer uma revista pessoal, o pistoleiro ainda
ameaçou assassinar o Frei Gilberto caso ele deixasse a sala antes de 15
minutos.
Um
detalhe que ilustra a gravidade da situação em Belisário é que no dia
anterior houve uma reunião para discutir a Campanha da Fraternidade de
2017. O tema deste ano está relacionado aos Biomas brasileiros, sendo
que a Diocese de Leopoldina escolheu o Distrito de Belisário para
representar a zona da Mata Mineira, em parceria com biólogos e ativistas
ambientais. Na reunião foi abordado o tema da mineração e o pistoleiro
que visitou Frei Gilberto soube descrever com detalhes o que havia
passado durante esse encontro.
Há
que se notar que este tipo de ameaça já aconteceu antes, pois faz
alguns meses, o agricultor Carlos Alberto de Oliveira, conhecido
popularmente como Pavão, outra liderança da resistência à ampliação
mineração na região de Belisário, já havia sido vítima de ameaça ao sair
de uma reunião que tinha como foco a organização da resistência ao
avanço das atividades de mineração no entorno do Parque Estadual da
Serra do Brigadeiro (PESB). Naquela ocasião, um desconhecido informou a
Pavão que era melhor ele tomar cuidado, pois poderia facilmente morrer
ao andar sozinho de moto à noite depois de reuniões como aquela.
Em
tempo, a empresa que tem interesse em ampliar as atividades de extração
de bauxita no Distrito de Belisário é a Companhia Brasileira de
Alumínio (CBA) que até meados de 2016 fazia parte do Grupo Votorantim (Aqui!).
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